Buraco: Como (e quando) usar a trinca como arma estratégica

No universo do Buraco existe uma peça que costuma dividir opiniões: a trinca. Por valer menos pontos e não contar para a tão desejada canastra limpa, ela costuma ser subestimada. Mas aqui vai um segredo dos bons: trinca também é estratégia. E das poderosas.

Se você já se viu torcendo para comprar uma carta que não venha, só pra evitar entregar o jogo ao adversário… talvez fosse hora de ter montado aquela trinca.

Relembrando: o que é uma trinca mesmo?

Trinca é um conjunto de três ou mais cartas do mesmo valor, mas de naipes diferentes. Por exemplo: 7♠️, 7♥️, 7♣️. Pode incluir curingas, mas não vira canastra — e vale apenas 10 pontos por carta, sem os bônus de 100 ou 200 pontos das canastras limpas ou sujas.

Mas se vale pouco… por que usar?

Porque no Buraco, pontuar é importante — mas impedir o adversário de fechar é, às vezes, mais importante ainda. E é aí que a trinca entra como uma arma estratégica.

Trinca como escudo contra o fechamento

Imagine a situação:
Você está com poucas cartas na mão. Seu parceiro ainda tem algumas, mas o oponente já comprou o morto, baixou tudo que podia e está claramente mirando o fechamento. Só falta ele comprar uma ou duas cartas certas.

Você tem uma carta que poderia fazer uma trinca. É só descer?

Sim. Desce. Na hora.

Ao formar uma trinca, você:

  • Gasta cartas da mão, evitando ficar com pontos negativos se o adversário fechar;
  • Evita comprar mais cartas, o que pode facilitar a vida de quem está tentando fechar;
  • E o mais importante: baixa um jogo que poderia ser descartado, ou seja, dificulta que o oponente se livre de cartas usando o seu lixo.

Quando vale a pena usar a trinca

  • Fim de jogo se aproximando: Se você sentir que o adversário está prestes a fechar, montar trincas é uma forma de esvaziar a mão com segurança.
  • Sem combinações possíveis: Quando suas cartas não encaixam em sequências (e você não tem um curinga à vista), trinca pode ser o único caminho.
  • Para descer o morto: Trinca ajuda a chegar ao mínimo de 75 ou 150 pontos para descer o morto, especialmente quando o jogo está travado.

E quando evitar?

  • No começo da partida: Trincas “entopem” a mesa e entregam informação ao adversário cedo demais.
  • Quando você tem chance de formar uma canastra: Se tiver duas cartas seguidas do mesmo naipe (ex: 6♥️ e 7♥️), talvez valha a pena esperar e tentar uma sequência ao invés da trinca.

Dica final: jogue trincas como quem joga xadrez

Trinca não é sobre pontuar. É sobre prevenir, travar, desgastar. Jogadores experientes sabem que o fim do jogo pode ser decidido não só pelo maior número de canastras, mas pelo timing certo de baixar, proteger o morto e esvaziar a mão.

Use a trinca como se fosse um peão na frente do rei: parece fraca, mas pode salvar seu jogo.

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